25 de setembro de 2011

A aventura das linhas de Saul Steinberg

Não perca mais tempo. O traço de Saul Steinberg (1914-1999) ainda pode ser apreciado na exposição “As Aventuras da Linha”, em que a Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta, até 6 de novembro, cerca de 110 desenhos desse artista romeno, naturalizado americano. Os trabalhos pertencem ao acervo da Saul Steinberg Foundation e foram produzidas entre 1940 e 1950, destacando o período em que Steinberg ganhou consagração internacional.   
     O ilustrador, que colaborou por quase 60 anos para a revista The New Yorker e foi a maior influência de Millôr Fernandes, tem como marca se valer muitas vezes de uma única linha, em poucos movimentos diagonais ou cruzamentos, para compor um desenho, e com ele, de modo bem humorado e ao mesmo tempo sarcástico, ser um crítico observador da vida contemporânea. É fácil observar a influência do modernismo que Steinberg absorveu em sua formação, mas, como ressalta o articulista Daniel Pisa, “não há nada obscuro ou abstrato em seus desenhos. O que eles mais fazem é dar saudades de um tempo em que os artistas sabiam que desenhar não é organizar o mundo, mas captar sua desordem”.    
    Como bom novaiorquino, desde o início da década de 40 radicado nos EUA, Steinberg tinha um olhar para o mundo inteiro, tendo inclusive visitado o Brasil. Assim, integram a exposição dois trabalhos com inspiração brasileira: ‘Pernambuco’, uma mistura de personagens, bichos e motivos locais, e ‘Grand Hotel Belém’, em frente ao qual se destaca uma enorme árvore repleta de seres amazônicos em cores líricas. Ambos produzidos a partir de desenhos de anotação e de cartões-postais colecionados pelo artista quando de sua viagem por aqui em 1952.   
     Apesar da envergadura artística de Steinberg, sua obra só havia tido uma mostra desse porte no Brasil em 1952, quando o Museu de Arte de São Paulo trouxe uma exposição individual do artista. Por sinal, ela foi possível em função da amizade dele com Pietro Maria Bardi, então diretor do Masp. Ambos tinham colaborado, nos anos 1930, com a revista Il Settebello, quando moravam na Itália. Também em função da raridade de acesso aos trabalhos de Steinberg no País, essa mostra com o suporte do Instituto Moreira Salles é constitui-se imperdível.

Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pça da Luz, 2 - São Paulo/SP - (11) 3324-1000. Fotos: Jac©Edit: "Desenhar é como escrever. (...) Desenho para explicar as coisas para mim mesmo", S. Steinberg, 1954

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