26 de março de 2011

Virginia Woolf, sua literatura ainda é de enorme influência

Na manhã de 28 de março de 1941, Virgínia Woolf entrava nas águas gélidas do Rio Ouse (Rodmell, Inglaterra) para, com os bolsos do casaco de pele cheios de pedras, deixar-se afundar, dando fim à sua vida. A escritora inglesa era, já então, um monumento. E, passados exatos 70 anos daquela sexta-feira, o fascínio sobre seus livros mantém-se inconteste. Nos 59 anos em que viveu, Woolf escreveu nove romances (entre eles O Quarto de Jacob, Orlando e As Ondas), três biografias e boa quantidade de contos e obras de não ficção, como o ensaio feminista seminal “Um teto todo seu”. Seus diários preenchem cinco volumes, suas cartas, seis.
......Virginia Woolf nasceu em Londres (1882), filha de um editor, sir Leslie Stephen e, na educação esmerada que recebeu, frequentou desde cedo o mundo literário. Casa-se com Leonard Woolf, com quem funda a Hogarth Press, editora que revelou escritores como Katherine Mansfield e T.S. Eliot. Fez parte do grupo Bloomsbury, composto por intelectuais sofisticados que, após a I Guerra Mundial, investiria contra as tradições literárias, políticas e sociais da era vitoriana.
......Vítima de grave depressão, ela escreve, no bilhete para o marido antes do seu suicídio, que ter “certeza de estar ficando louca novamente”: “Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer.” (...) “Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que quero dizer é que é a você que eu devo toda minha felicidade.”
A influência dela – No ensaio ‘Em busca da jornada épica das vidas comuns’, o romancista americano Michael Cunningham detém-se sobre Mrs. Dalloway, livro de Virginia Woolf que inspirou o seu As Horas (por sinal o título original de Mrs. Dalloway, trocado por Woolf antes de sua publicação), cuja versão para o cinema deu o Oscar de melhor atriz a Nicole Kidman. Cunningham avalia que, nesta obra-prima de Woolf, ela “esbanja controle, uma qualidade com frequência – às vezes demais – cara à maioria dos romancistas. Ela está testando não só seus poderes, mas os limites do próprio romance. Podemos quase ouvir seus pensamentos na página”.
......O Sábatico, no qual foi publicado esse ensaio, traz ainda uma entrevista com Cunningham (‘É difícil escapar da influência dela’), concedida a Rinaldo Gama. Para completar, que tal ter uma noção da história da romancista inglesa? Para tanto, acesse ‘A trajetória de Virginia Woolf’ e aprecie uma rica retrospectiva de fotos dela.

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