20 de janeiro de 2010

Hipopótamos, tartarugas e outros bichos (mais ferozes)

Desde o início de janeiro, penso em reproduzir uma matéria assinada pelo escritor Mário Vargas Llosa, “A lição de Owen e o fanatismo das guerras contemporâneas”, publicada no Estadão (p. A8), em 28 de dezembro passado. No entanto, esse veículo tem demonstrado certo descaso no atendimento a seus assinantes e o fato é que, depois de inúmeras solicitações de alteração de cadastro e/ou senha no Estadão Digital, ainda não consegui acesso à matéria. Portanto, farei um breve comentário sobre essa reflexão de Vargas Llosa, pois acredito que ela tenha muito a ver com o conceito e o desejo nosso, da Jacintha, com relação, digamos, ao futuro da humanidade.

Vamos a ela: Uma das vítimas do tsunami que atingiu o litoral do Quênia, em dezembro de 2004, foi um bebê hipopótamo de 300 quilos chamado Owen, que terminou encalhado na praia, nos arredores de Mombasa. Owen teve sorte: foi resgatado por voluntários de uma ONG, mas não conseguiu ser devolvido à mãe, que sucumbiu no cataclismo. Instalado em seu novo habitat, o Lafarge Park, na África, o órfão Owen encontrou uma mãe adotiva um tanto surpreendente: uma tartaruga centenária. Esta, por sua vez, acabou assumindo plenamente suas funções maternais e, desde então, mãe e filho têm vivido inseparáveis.

A história desse hipopótamo e de sua mãe tartaruga – criaturas essas que inspiram simpatia na ampla maioria das pessoas – tem sua moral. São dois animais que, embora pertencentes a espécies tão distintas, conseguem conviver e, mais, se amar. Do jeito deles. Já os estúpidos bípedes humanos continuam se comportando como selvagens, empreendendo carnificinas e genocídios uns contra os outros, por conta de insignificantes diferenças. Haja vista os xiitas, sunitas, curdos, sérvios, croatas, bósnios, kosovares etc. etc. etc. Não estaria mais do que na hora de a humanidade se aproximar mais do perfil dessas criaturas fofas e benignas?

Nenhum comentário:

Postar um comentário